Jogo ao Berlinde com os Problemas
O equilíbrio é, por vezes, absolutamente necessário. O sentimento de dívida
ao ver tanta desumanização, tanta tristeza, tanta infelicidade é fruto de
valores educacionais de grande importância.
Todos os dias tenho necessidade de equilibrar a balança, a da vida
e, para isso, necessito de me descompensar pela estabilidade que tenho.
É frustrante lamentar-me de coisas tão insignificantes como os bens
materiais e, ao mesmo tempo, quando olho para o meu lado vejo problemáticas
bem diferentes, vivências tenebrosas.
Poderão, eventualmente, ser os conflitos existenciais que me acompanham
desde que me lembro, que me levaram a ter esta noção elevada de justiça.
Os monólogos constantes que tenho impelem-me a arranjar uma porta de saída
para estas situações, a palavra, a ajuda, o aconchego daqueles que me são
mais próximos, são, sem dúvida, armas fortíssimas para me conseguir
humanizar.
Quando o barco parte o leme e vai à deriva, o que devo fazer? “O meu maior
problema é a total ausência de problemas significativos”.
Numa sociedade apetrechada de problemas em que a engrenagem das rodas
dentadas da vida encrava a cada duas por três, todos nós temos obrigação de
fazer parte da solução.
Os Portugueses têm nos problemas os seus melhores amigos, é com os problemas
que o Português joga berlinde.
Como não posso renegar a minha identidade e como tenho, todos os dias, de
equilibrar a balança, fiz, dos problemas dos outros, os meus próprios. Todos
os dias, os vivo intensamente e são eles que me ajudam a equilibrar a balança
da vida.
Gostaria de me humanizar mais um pouco mas a sociedade, por vezes, não nos dá
as ferramentas para o fazer. Temos de ser nós, tal como o ferreiro, A criar
martelos e dos problemas da vida fazer soluções.